Vale a pena dar uma lida. E mais ainda: experimentar.
TREINE NA AREIA
Conheça os benefícios
de incluir esse terreno na sua rotina de treinamentos e veja uma planilha para
voar nos 10 km com trechos de areia
Treinar em
superfícies variadas tem sido uma das estratégias indicadas para auxiliar o
corredor a conquistar potência, reações mais rápidas e consistência nas
passadas. O atleta melhora seu desempenho qualquer que seja o perfil da prova –
mesmo que ela seja realizada exclusivamente no asfalto.
Incluir areia fofa
na planilha fortalece os músculos desde os pés até a região lombar. Os
resultados, garantem os adeptos da prática, são rapidamente percebidos. “Os
treinos realizados na areia exigem mais fisicamente do atleta e ajudam a
desenvolver grupos musculares específicos, como os quadríceps, os glúteos, as
panturrilhas, o abdome e a lombar”, afirma Bernardo Tillmann, da assessoria
Tribus Adventure, do Rio de Janeiro.
A seus alunos, ele
recomenda exercícios na areia fofa uma ou duas vezes por semana. “Nesse tipo de
piso, o atleta deve ficar o mínimo possível com o pé no chão para não afundar e
não sofrer com o cansaço.”
Tendência
A crescente procura por novas experiências em provas
que mesclam asfalto e terrenos acidentados, como a Volta da Ilha
(Florianópolis), o Circuito das Praias (SP) e o XC 42K de Búzios (RJ), tem levado
atletas e assessorias a investir nos treinos em solo macio.
A engenheira
carioca Ana Luiza Alcure, de 32 anos, que está se preparando para a
maratona de cross-country em Búzios, faz dois treinos na areia por semana. “Não
tenho muita paciência para os longos. A areia me dá muita força, intensidade e
mais prazer em correr. Quando vou para o asfalto, corro muito mais leve e acabo
não sentindo o cansaço”, afirma.
Para o treinador
Paulo Domingos Pereira Filho, da Sprint Assessoria, de Florianópolis, a atividade
na areia deve ser encarada como uma fatia complementar da preparação física. “A
areia fofa não faz milagre. O corredor fica mais resistente, porém fica mais
lento. Realizo sempre um trabalho específico para que o corredor saiba aplicar
a passada certa em cada momento da prova e não perder velocidade”, conclui.
Com
tênis ou sem tênis?
“O
tênis aumenta a área de contato com o chão e diminui a penetração do pé no
solo”, ensina Paulo Domingos. “A pisada deve ser mais chapada, usando o
meio e a parte da frente do pé, sem aterrissar com o calcanhar.” O treinador
sugere alternar sessões descalço e de tênis. “Em contato com a areia, o atleta
terá estímulo da fáscia plantar – a musculatura da sola do pé – e uma melhoria
do reflexo motor, aumentando sua capacidade de resposta às variações do
terreno.” As atividades sem tênis, no entanto, não devem ultrapassar os 2 km.
Esqueça
o pace
“Quando um corredor sai
do asfalto e entra na areia, deve estar pronto para rodar até 2’/km mais lento.
Nesse momento, ele deve aplicar a técnica correta e buscar o melhor desempenho
sem afetar seu retorno ao asfalto, fase na qual vai recuperar a velocidade”,
diz Tillmann.
Paulo não indica
essa modalidade de treinamento indiscriminadamente. “O exercício na areia
envolve um grande recrutamento de fibras musculares. Deve-se tomar cuidado com
a intensidade para preservar articulações e ligamentos. Se o atleta tem
problemas de joelhos ou tornozelos, deve evitá-lo, para não sobrecarregar
tendões”, explica.
Para
não entrar na areia
Escolher
o tênis ideal para correr na areia é uma decisão pessoal. Pode-se optar pelos
minimalistas, mais leves, de sola mais baixa e que forçam a pisada do meio do
pé para a frente. Ou pelos tradicionais, de sola mais alta e maior
amortecimento. Modelos específicos para provas no deserto vêm com meia acoplada
e uma capa protetora para evitar a entrada de areia. Outra possibilidade para
evitar esse incômodo é o uso de polainas.
Eu arrastava os
pés
Com uma rotina de três
treinos por semana, Daniel Karrer, de 30 anos, atribui à areia a postura
aplicada na rua: “Eu corria arrastando os pés. A areia me forçou a desenvolver
uma mecânica de movimento melhor. Encaro os treinos como uma espécie de
trabalho muscular específico. Chego ‘voando’ nos treinos longos e de velocidade
realizados no asfalto”, assegura o engenheiro carioca
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