Bem, em setembro me mudo, com toda a carga de stress, mal humor, tempo corrido, expectativa e alegria pela mudança para melhor (sempre, né?). Só quem passou por uma reforma e mudança sabe o que é. Se Deus quis castigar seus filhos, então criou uma coisa chamada "reforma".
Consome nosso tempo, pó para todo lado (quem disse que a tosse passa indo visitar a obra?), e você nunca vê o "produto final". Final do dia o humor está quase zerado, e o cansaço lá em cima. Tirando isso, está tudo bem..rsrs.
Mas, enfim. Hora de empacotar coisas, rasgar papéis, e, claro, organizar e-mails também, afinal, estamos na era digital.
E nessa organização, revi um e-mail que Marcos Barros, um amigo corredor grupo mandou para o grupo. Era para ter feito isso há muito tempo, mas sempre esperava a melhor hora para fazer, e ia ficando. E chegou a hora de compartilhar.
Palavras verdadeiras e que, quem corre por paixão, não tem como não se identificar.
Correr Magnifica
Correr potencializa o prazer das pequenas coisas.
Escrevo sobre correr porque essa é a modalidade que escolhi para mim. Contudo, entendo que pedalar, nadar, remar ou velejar, jogar qualquer coisa sozinho ou em grupo, desde que envolva esforço físico, objetivos e ambiente externo (preferencialmente, mas não só) ao ar livre, nos leva aos mesmos benefícios.
Não falarei dos benefícios à saúde. Sabe-se demais sobre isso. Indiscutível enquanto prevenção e tratamento o papel do esporte na saúde de todos. Abordarei o “algo a mais”. Coisas menores, maravilhosamente distribuídas no dia a dia.
Tomemos a corrida. Observe a água. Insípida por conceito, que sabor tem durante ou após o correr! Gelada ao sol, impagável como na propaganda do cartão de crédito... As frutas, dádivas da natureza, são um manjar dos deuses, tantas vezes menosprezadas no cotidiano.
Cada metro da cidade que você mora há anos é diferente quando faz parte do seu percurso de corrida. As pequenas pedras (lembra de Carlos Drumond de Andrade? Pois chamemos os buracos também de pedras...) são velhas conhecidas. E notamos cada ação de quem cuida da nossa “pista de treino”.
O voltar para casa após o longão, seja de 5 km ou 18 km é fenomenal... nada se compara à sensação de ter corrido. Até a soneca é mais gostosa, mesmo que fora de hora.
E as pessoas, então? Percebeu a ligação que se estabelece em um fugaz cruzamento de olhares entre corredores? Os cumprimentos, palmas, acenos; a disposição e disponibilidade para ajudar um corredor como você é natural. Não importa tratar-se de um maratonista e um iniciante na segunda semana de treino, ambos começaram da mesma forma e sabem disso! Aliás, muitos dos fanáticos que parecem ter nascido prontos para correr começaram “apenas para perder peso”.
Eu, particularmente, gosto de desejar “bons dias” às pessoas nas minhas corridas matinais. As reações, as mais variadas, são uma diversão a mais. Outro dia, distraído que estava na minha corrida, fui alvo de um caloroso “bom dia”. Será que fui reconhecido?
Pois é. Correr magnifica as pequenas coisas, os pequenos prazeres, as pessoas, as relações e os lugares. Como esse efeito maior tem curta duração, precisa-se correr sempre. Assim, valoriza-se a vida pela sua simplicidade, pelos prazeres universais, por sentimentos nobres e torna-se uma pessoa melhor.
Espero sinceramente que, em 2014 e em frente, nos dermos mais tempo para correr, para praticar outras modalidades, mas principalmente, para sentir o prazer que só a atividade física nos traz. Que estejamos mais vivos, mais ativos, mais presentes.
E, sem trocadilhos, que aproveitemos os presentes que a vida nos traz.
Como diz Mário Quintana, “reticências são os três primeiros passos de um pensamento que continua por conta própria...”
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