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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Meia Maratona de Buenos Aires 2013 - A Prova!

Ah, Buenos Aires… essa cidade tem um significado especial para mim com relação a corridas. Foi lá, em 2011, num quarto de hotel tomando vinho e comendo queijo, que decidimos, junto com um casal de amigos, começar a correr. Dez dias após voltarmos, estávamos num grupo de corrida. Um ano depois, 1a Meia, e assim a vida seguiu - e segue - seu curso.

Decidi ir meio em cima da hora, embora tivesse vontade (fui o último do grupo e me inscrever). Para evitar surpresas, me inscrevi  para fazer 10 milhas na Mizuno, 25/08. Seria - e foi - um bom longão, caso decidisse ir. E como vocês vão ler, os 21K de BA foram "pinto" perto desses 16K.

Não estava preparado como gostaria, mas tentei ser rígido nos treinos e travei a boca - tenho 1,85m, e viajei com 83,5Kg.  Meu maior longão para essa Meia foi justamente na Mizuno, onde não fiz uma boa prova: algumas dores, percurso batido, sol e treino aquém, não contribuíram.

A prova prometia percurso plano, um clima bom e pedia um tempo mais baixo.

A Argentina está em crise, com um parque industrial defasado, uma economia fraca, inflação em alta, mas permanece bem cuidada, com ruas que dão gosto, além do charme. Comprar lá, é uma loucura: aceitam peso, dólar e real, além de cartão. Alguns lugares só aceitam peso e cartão, outros dão preferência a dólar e real. Em algumas lojas, o dólar oficial fica por 5,6, em muitos, fazem o câmbio a 1 para 8 ou mesmo 9! Você pode pagar em uma moeda, e receber o troco em outra. Coisa de louco. Mas, pagar numa loja usando a conversão de 1 dólar para 9 pesos, é uma boa. 

Chegamos em BA na quinta à noite, e já saímos com uma parte do pessoal para comer alguma coisa, no caso pizza. Sexta fomos todos pegar o kit, passeamos, almoçamos uma boa carne com vinho. 







À noite, tango com o grupo e mais vinho (dessa vez, pouco).

No sábado, fui ao shopping almocei lá mesmo uma carne (sem vinho, afinal era véspera da prova) e jantamos uma massa num restaurante perto do hotel. Não estava sentindo nenhuma dor das que me acompanham, seja nas costas, seja na perna. 




Antes de viajar, estava com uma tosse que não me deixava, depois de uma gripe. Isso estava atrapalhando meus treinos e temia que fosse outro brocoespasmo como o que tive antes da Paris Versailles . Fui na pneumologista na semana anterior, comprei os remédios, e já treinei melhor. Não era broncoespasmo, e sim as vias respiratórias irritadas. Vou tratar disso direito agora.

Não teria café no hotel, por causa do horário, então fomos num mercado próximo, e compramos iogurte, torrada, mel e queijo, para comermos no quarto.





No dia da prova fomos de taxi, que nos deixou a uns 3K da largada. Lá, demora para clarear e escurece mais tarde, por isso, saímos com tudo escuro. O frio batia queixo (cerca de 15o, com sensação térmica ainda mais baixa). Engraçado: quando passávamos por um grupo de pessoas, subia aquele carlorzinho bom…rsrs. Esse ano a prova teve recorde de participantes, cerca de 18.000. Muita gente de fora, e claro, muitos brasileiros. A cidade já recebe muitos brasileiros, nessa prova, então, português era língua quase oficial.

Chegamos, corremos para guardar nossas coisas, fomos ao banheiro e seguimos direto para a largada (já era 07:29, e a largada, 07:30). O alongamento foi feito na largada mesmo. Pela quantidade de gente, demoramos para largar (no meu caso, com 7 minutos), e pudemos fazer um alongamento meia boca.

A largada foi na  Av. Pres. Figueroa Alcorta, 5500, linda, larga, um lugar que pede para corrermos. GPS e MP3 ok, lá fomos nós 4 (eu, Lorena, Bau e Jr., que estavam no mesmo hotel).

Não tinha expectativa alguma com relação a performance, afinal não havia treinado como gostaria, e tinha medo de exagerar e sentir alguma dor que comprometesse a corrida. No fundo, nem sabia se ia fazer a prova toda correndo. Era o que tinha para aquele dia.

Um Gatorade Prime antes da prova, e lá fui eu. Correr assim é ótimo: o sol aparece, mas você não sente o calor. E fui aproveitando a paisagem, ruas bem cuidadas, sem buracos (só algumas bocas de lobo que são mais baixas que a rua), muito largas, tanto que, apesar da quantidade de participantes, em poucos momentos vi tumulto ou aperto.

Até o KM 3, nem sentia que estava correndo. Água em quantidade (4 postos), idem Gatorade (3 postos). Nos postos de água, as primeiras mesas estavam vazias, mas como havia muitas, conseguimos pegar quase saindo das caixas. E em garrafa, que é melhor para correr. Além das bebidas, havia laranja e banana. O problema da banana, é a casca que fica pelo chão. Tive que desviar de muitas, mas não chegou a ser problema, embora ache perigoso. Peguei água em todos os postos, e 2 copos de Gatorade por posto (vinha pouco em cada copinho).

Na Casa Rosada, KM 10 (que chique…rsrs), 01:05:00. Ok, até que estava bem, minha melhor marca nos 10K é 01:03:00.

Perto do KM 12, próximo ao Obelisco, vi uma cena que me marcou: uma mulher mancando, puxando pela perna, cãibra ou dor na panturrilha, ao que parecia; ao passar por ela e olhar o seu rosto, ela estava chorando. Em plena Av. 9 de Julho, passando pelo Obelisco, sabia que a prova estava terminando para ela.

Corri quase no automático, sem sentir dor, cansaço, nada. Apenas ia em frente. Nas poucas vezes que pensava em dar uma caminhada, as pernas levavam o corpo pra frente como que para eu não pensar em fazê-lo.

Confesso que não vi nenhuma placa mostrando KM a KM até ver a 1a no KM 16. Era uma placa pequena, discreta, preta com a logo da Adidas. Passei por várias sem notar, tão focado e maravilhado estava. Afinal, quem tem GPS, usa a placa pra que? Outra coisa que marcou a prova para mim.

E foi por volta do KM 15 (sempre ele), que o sol saiu esquentando. Nem parecia a BA que conheço. Sol, pé esquerdo dormente, um pouco de cansaço fariam muitos andarem ou se lamentarem. Eu segui jogando água e pensando em quão  pouco faltava, e como estava me sentindo bem.

A prova não é 100% plana, tem algumas subidas (e descidas). Nada de outro mundo, mas exigem calma para não comprometer a estratégia.

No KM 18 em diante, perto do hipódromo, na entrada do parque, o chão todo molhado, cheio de lombadas, o cansaço bateu. Pernas ok, graças ao trabalho de musculação, mas o corpo pedia para parar. Quase implorava. Na avenida de chegada, não tinha como acelerar mais, estava no bagaço.

Foi aí que a 3a cena marcou a prova. Aparece Ulisses do nada correndo do meu lado: "Bora, bora passar mais uns 10, aí. Já foram 5, agora mais 5, bora passar mais 10, aquele senhor aí, já foi, mais aquela dali, já foi….". Olhei o Polar e estava a 13,1 Km/h. Naquele momento, faltando uns 200/ 150 metros, eu quase caminhei, mal, exausto, pé doendo, mas tive vergonha de caminhar com ele ao meu lado. Segui e ele ficou para ajudar o próximo.

Porra, nunca uma distância é tão longa quanto a da linha de chegada….rsrs.

E, finalmente cheguei com 02:20:11. A meta era 02:14:00. 12 minutos a menos que a Meia do Rio.








Essa prova vale muito a pena. Quem puder, não deixe de fazê-la uma vez pelo menos.

Quer saber quem ganhou?

Categoría caballeros

1 Kiplimo Kimutai (Kenia) – Tiempo: 1:02:51
2 Nicholas Manza Kamakya (Kenia) – Tiempo: 1:03:34
3 Oyeni Da Silva Medeiros (Brasil) – Tiempo: 1:06:24


Categoría damas
1 Alice Chelangay (Kenia) – Tiempo: 1:13:20
2 Adriana Aparecida Da Silva (Brasil) – Tiempo: 1:14:05
3 Rosa Godoy (Argentina) – Tiempo: 1:14:25

Depois da prova, compras, volta para o hotel, despedida com parte do grupo, dormida de 90 minutos, ida para o aeroporto, chagada no Brasil, desarrumar a mala, ver os filhotes, e só fomos dormir segunda à noite. Só aí coloquei meu sono em dia. Minha mesa está repleta de Amarula, Toblerone, quase não tem lugar para o notebook. Mas, quem se importa? Cheio de memórias e 3Kg a mais.





Obrigado aos amigos pela companhia, foi ótimo. 






A Ulisses, pela ajuda e trabalho que foram decisivos para esse resultado. As always, he makes the diference.




A Flávio, como sempre, pelo profissionalismo, atenção e calma sempre que necessário.




E a Lorena, que parou com dores no KM7, mas retomou e terminou a prova em condições que eu mesmo não faria, nem de longe.





Sim, quando será a próxima mesmo? Dubai? Cape Town? Muralha da China? Del Glaciar?



O que foi usado: 2 Gatorade Prime, 2 torrões de açúcar, Bermuda de compressão R2L, Saucony Triumuph 9, blusa de alta compressão Adidas, Polar RCX5, MP3 Sony, Endurox R4. Gatorade e água, bastante.




Coment·rios
4 Coment·rios

4 comentários:

  1. Boa corrida, meu brother. Aproveitou e fez dentro do esperado por você mesmo... É coisa para se lembrar até a próxima vir. Deu para imaginar a corrida com o relato... Vai para minha lista.

    (www.runnerhostil.blogspot.com.br)

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    1. A intenção é mesmo passar um pouco da prova, sim. E ela vale muito a pena. Podendo, não deixe de participar de uma, vc vai adorar.

      Abraço,

      Roberto

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  2. Demais, tudo a prova, as fotos, o relato, pré, durante e pós...
    Não é só a corrida que deve valer a pena, ler seu blog também vale sempre a pena...

    Boa semana, daniel

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    1. A prova é mesmo fantástica, Daniel. Recomendo muito. Se programe para fazer uma vez, pelo menos.

      Abraço!

      Roberto

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