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domingo, 10 de novembro de 2013

Spark, Fire & Brightness

Spark, faísca em português. Fogo e brilho.

Em inglês, porque resume de forma mais homogênea e concisa (típico do americano) a idéia do texto.

Faísca é algo que desencadeia um processo. Fogo dá a dimensão da coisa. E brilho, é a parte "boa", vistosa, o que gostaríamos de ver.

E isso com a corrida?

Depois na minha segunda Meia, no Rio em 2012, dores e desacelaração nos treinos (em boa parte em consequência das dores) me fizeram cair alguns degraus e me sentir na mediocridade (não que seja grande coisa nas pistas, mas regredir ninguém gosta).

Essa mesmice durou quase 1 ano, com longões sofridos e incompletos, e treinos durante a semana completados a duras penas. Até as provas, eram aquela mesma coisa: Adidas, percurso batido, e por aí vai.

Pensei que, se não resolvesse as dores e procurasse alguma motivação, a corrida se tornaria um fardo, e não um prazer. Nessa procura, fiz provas em locais diferentes, como a Corrida da Independência e Bradesco, ambas na Barra, no Itaigara em fevereiro, e a treinar  em locais alternativos, como a Paralela (que liga Salvador ao aeroporto, em outro município), o Dique do Toróró, entre outros.

Em abril e maio baixei meu tempo em 5 minutos nos 10K (fiz as duas provas no mesmíssimo tempo), ambas corridas noturnas. Isso me mostrou que dava para fazer certo, e melhorar. Mas mesmo nessas provas, andei um pouco.

E isso se repetiu nos longões sofridos de sábado sob o sol. Quase que sucessivamente.

Um dia, olhei para meus pares de tênis, bermudas e blusas de compressão, relógio, GPS, MP3, e pensei que aquilo ali, apesar de TOP de linha e caro, não significava nada sem uma alma viva para colocá-los para trabalhar. E eles estavam preguiçosos.

Fisioterapia, musculação, pneumologista, neura para fazer exercícios que fortalecem as costas, panturrilha e core, incontáveis Tandrilax e muitos olhares para o céu naqueles sábados de sol, pedindo alguma ajuda para voltar a ter a alegria de fazer bem o que havia me proposto.

Fiz a inscrição para a Meia de Buenos Aires, quase que como uma obrigação de fazer algo diferente do que vinha fazendo. Uma porta de saída para novos rumos. 

Mas estava "embaçado", a coisa não ia, patinava, e eu pensava em como seriam os 21K daquele jeito. Até as 10 Milhas da Mizuno foram ruins, apesar da expectativa. Andei um pouco, sofri com o sol, chateação, raiva, e pensei: "Seja o que Deus quiser em BA. Vai que o clima ajuda e dá um gás...".

E lá, a noite foi tranquila, nada de dor, andamos uns 2K até a largada, alongamento meia boca em cima da hora, e uma prova incrivelmente boa onde baixei meu tempo em 12 minutos em relação ao Rio, que estava em plena forma.

Naquela hora, eu percebi que além do óbvio (sempre é possível melhorar): fazendo a sua parte, as coisas vão se encaixando. Se você faz com carinho e vontade, e faz por onde, a recompensa vem. E isso teve a bagagem da fisioterapia e musculação direcionadas.

E depois da Meia, as coisas melhoraram. Na semana pós prova, no total corri 43K (Meia + treino). Mas ainda anão estava legal. Os treinos noturnos, dentro do esperado. Os longões ainda sofridos. 

E resolvi fazer a Golden Four BSB, para ter mais um norte. O último longão antes dela, de 13K foi duro, ruim, andei um pouco, e pensava: "Imagina 21K assim". Mas fui com vontade.

No dia, cheguei na largada com vontade de fazer no. 2 (que passou como que num passe de mágica, ou ia acabar minha prova, porque o banheiro químico não ia rolar de jeito nenhum). E menos 5 min. 

Ambas as provas sem nenhuma dor nas costas. Como dizem: "Deus, não precisa ter trabalho pra ajudar, só não deixa atrapalhar".

E uma semana sem um dia sequer de pausa - 44K corridos. Meia domingo passado, corrida/ musculação de seg. a sexta., treino sábado e prova hoje - com direito a recorde pessoal (brinquei no Facebook dizendo que até Deus descansou no 7o dia...rsrs). 

Todos nós estamos sujeitos a momentos (longos ou curtos) ruins. O que faz a diferença, é como vamos passar por eles.

Spark: perceber, após a prova, que algo começa a mudar
Fire: o gás para começar a mudar
Brightness: colher os resultados 

O futuro? Ninguém sabe, mas a vontade ajuda a fazê-lo melhor.



Coment·rios
4 Coment·rios

4 comentários:

  1. Roberto,

    Esse é o grande barato da corrida, não existe uma receita de bolo única.

    Em algumas ocasiões parece que tudo vai deslanchar e de repente... "nada acontece", bate uma frustração.

    Em outro momento, seus treinos não estão bons, sua planilha não caiu bem, porém, em uma determinada prova você se supera e vai além das expectativas.

    Penso que os treinos longos além de servir para o trabalho cardiorespiratório, servem também para tranquilizar o "espírito de guerreiro" de cada corredor.

    Ultra abraço e bons treinos!!!

    Dionisio Silvestre
    http://correrpurapaixao.blogspot.com.br

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    1. Concordo plenamente, ainda mais no assunto longão. Mente e corpo, sempre.

      Abraço,

      Roberto

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  2. Belo Texto, que faz muito mais sentido para quem te acompanha por aqui tanto tempo. Desde que eu comecei a correr leio o seu blog. Isso foi em Abril passado, e tenhos sensações parecidas, as vezes falta um rumo...

    Mas com perseverança, resignação e coragem reencontramos.

    Minha vida mudou muito depois da corrida, profissionalmente e pessoalmente, mesmo não cumprindo com tudo o que eu deveria.

    Sim, eu nunca fui obeso, tive um pequeno sobrepeso, mas sempre me dediquei aos esportes e apesar de doloroso a corrida é, de longe, o mais recompensador. Tem efeito duradouro.

    Não sei como será o ano que vem, espero conseguir me organizar melhor, mas enfim, virá meu primeiro filho e tenho receio que a escassez de tempo aumente ainda muito mais. Portanto, ler aqui o blog tem sido e será um exercício e se me falta uma assessoria, eu digo que minha assessoria chama-se: corredoresdeverdade.blogspot.com.br kkkkkk para não ficar as cegas, vou me guiando por aqui...

    Digo isso como estímulo para você seguir em frente...não só com as corridas, mas também com o blog, ajuda...dá uma motivada!...

    Falow, um abraço, boa semana

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    1. Pois, é...rsrs. Um norte é sempre uma luz, e cada um encontra seu caminho.

      Pelo menos, no pós-Meia, você já tem o caminho...rsrs.

      Abraço,

      Roberto

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