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domingo, 25 de novembro de 2012

Temperatura Máxima

Reportagem da Revista O2, que pode ajudar a entendermos melhor o que acontece conosco durante nossa atividade física.



Temperatura máxima
Entenda como o corpo humano enfrenta o calor durante a corrida


O corpo humano é uma máquina feita para o movimento. E um dos maiores inimigos para o bom funcionamento dessa complexa estrutura é o calor. 
Nosso organismo tem estratégias para manter sua temperatura próxima dos 37ºC e, para enfrentar o calor durante o tempo de esforço, os órgãos interagem com a temperatura externa, a umidade do ar e a velocidade do vento. Nesses acordos, as razões para tanto esquenta (termogênese) e esfria (termodispersão, sudorese) andam lado a lado, num processo chamado termorregulação.

É assim que músculos, sangue e suor trabalham produzindo e liberando calor para tentar manter sua performance, trocando temperatura com o ambiente através de três processos: condução (aceleração da corrente sanguínea), irradiação (vasodilatação periférica) e transpiração (sudorese para provocar resfriamento por evaporação na pele).

O calor, além de minar todas as forças atléticas e de resistência, é mais perigoso para o corpo do que o frio: 5ºC acima da normalidade corporal “cozinham” as proteínas celulares. No limite extremo dessa temperatura, o cérebro é o órgão mais afetado e acontecem câimbras, náuseas, vômito, suor, tontura, visão turva e desmaio, até que ocorra uma falência cardíaca. Na outra ponta do termômetro, o perigo começa ao baixar dos 35ºC. O frio faz o metabolismo diminuir, mas não é tão fatal quanto o calor, pois é preciso 20ºC no corpo para acontecer uma parada cardíaca irreversível.
Ar
* Quanto mais alta a temperatura climática e a umidade do ar, mais rápido o corpo vai processar suas estratégias de refrigeração e mais rápido haverá queda de rendimento. Superaquecimento (38ºC) pode gerar fadiga extrema.
* A combinação de horários, vento e umidade do ar auxiliam no trabalho de redução da temperatura corporal. 
Ao amanhecer ou anoitecer, com ventos leves e de 50% a 60% de umidade atmosférica, são condições ideais para favorecer o corpo humano na corrida.
Sangue
* A pressão arterial alterada recebe calor da atividade física, causa vasodilatação periférica, menos oxigenação dos músculos e a temperatura corporal pode chegar próximo do estado febril (38ºC). 
Ocorre a perda de sódio no plasma sanguíneo (hiponatremia), que prejudica a absorção de glucose, abaixa a pressão, gera hipoglicemia de esforço e interrompe a atividade.
* O sistema circulatório superaquecido desvia o sangue para a pele, deixando-a quente e avermelhada. Essa vasodilatação periférica dissipa o calor excessivo no ambiente para abaixar a temperatura corporal. O condicionamento de sudorese acompanha o cardíaco, evoluindo para reduzir o trabalho e a perda de rendimento.
Músculo
* Cerca de 2/3 da energia para gerar a força mecânica dos músculos é desperdiçada na forma de calor. Os exercícios elevam e estabilizam a temperatura corporal a um limite (37,5ºC), somada à temperatura ambiente.
* O intenso trabalho muscular gera 20% mais de calor corporal e ativa os sistemas de refrigeração do corpo. O calor irradiado para o sangue é distribuído aos órgãos e dissipado no organismo. Os próprios músculos auxiliam o bombeamento do coração.
Suor
* Com 50% do peso corporal em fluidos, é comum perder até 1,8 kg de líquidos em uma hora de corrida. A perda excessiva de potássio eleva os batimentos cardíacos até a arritmia e aumenta a vasodilatação. Essa redução prejudica a saúde e a performance, e pior, ao lutar contra o calor, as glândulas sudoríparas podem desidratar ainda mais um organismo se não houver reposição.
* O suor é liberado sobre toda a superfície da pele. 
A refrescante perda de calor do corpo se dá pela evaporação no ambiente, mais eficiente quanto menor for a umidade relativa do ar. A transpiração de líquidos se inicia a partir dos 37,4ºC e ocorre quando o calor gerado pelos músculos ultrapassa sua capacidade de dissipação.
Termômetro Humano
42ºC
 Não há mais garantias de que a vida possa ser salva. Ausência de suor indica desidratação grave e estado de coma.

41ºC 
Último aviso de grande perigo. O metabolismo fica seriamente comprometido, a ponto de alterar as proteínas celulares.
40ºC 
Início da hipertermia. Ocorre náusea, vômito e falta de coordenação pela perda de sais minerais. A interrupção do suor indica forte desidratação.

38ºC 
Estado da febre. Forte sudorese com presença de espasmos musculares e sensível exaustão. Há queda de batimentos cardíacos e até desmaio.

36ºC a 37,5ºC
 Faixa de temperatura normal do corpo. Inclui a menor (dormindo) e a maior possibilidade (exercício).

35ºC
 Início da hipotermia. Perda de coordenação motora e racional. Acontecem calafrios, sensação de cansaço e forte apatia, incluindo recusa ao socorro.

30ºC 
Existe uma redução de um a dois batimentos cardíacos. O corpo fica em desorientação completa e perde o raciocínio por falta de sangue no cérebro.

20ºC 
O corpo interrompe todas as suas funções por causa da diminuição do metabolismo, junto à temperatura, até cessar as atividades do coração e do cérebro.

FONTE: Raul Santo de Oliveira é fisiologista e professor doutor do Cemaf (Centro de Medicina da Atividade Física do Esporte) da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp.


Coment·rios
4 Coment·rios

4 comentários:

  1. Muito bom Roberto Sinay!!! Sofro demais com o calor!!!!

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  2. Cara, que matéria esclarecedora... e ainda tem gente que treina sem água ou não agasalhado nos treinos "friorentos" no Sul. Compartilharei!

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    1. Acredito que o segredo é EQUILÍBRIO em tudo o que se faz. Conhecer para poder ser coerente, sempre.

      Abraço,

      Roberto

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