Para quem procurava explicação, segue uma base teórica. Mas o bom é a união de todos, certo?

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Diferenças entre homens e mulheres na corrida

Saiba porque eles levam vantagem neste e na maiorida dos esportes

10% a mais de músculos garante mais força - Foto: Shutterstoc 

Na corrida, o homem larga (e chega) na frente, pelo menos quando se trata de resultados. As vantagens masculinas neste e na maioria dos esportes vêm de princípios fisiológicos e morfológicos, ou seja, formação, constituição e funcionamento de órgãos mais desenvolvidos para atividades físicas. Tamanho do corpo, composição corporal com maior porcentagem de músculos, ação direta de hormônios e maior capacidade de oxigenação sanguínea, cardiovascular e pulmonar impõem clara superioridade, evidente em esportes de alta exigência de força e explosão.

Isso acontece porque as mulheres terão sempre uma menor massa muscular (precisam fazer mais força para realizar um mesmo trabalho masculino), em combinação com um maior percentual de gordura e redução das capacidades aeróbicas (oxigênio como energia para os músculos) e anaeróbicas (sem uso de oxigênio). Tais condições só favorecem o treino das atletas em modalidades com uso de gordura como fonte energética, ou em exigências de alta flexibilidade (ginásticas rítmicas e de aparelhos). Elas também são influenciadas por hormônios, tanto na sensibilidade física (tolerância a dor) quanto nas psicológicas e sociais (irritação). Será sempre mais difícil, portanto, a estrutura física feminina vencer a masculina no caso de confrontos esportivos diretos, mesmo com equivalência de peso e altura entre os competidores.

Esquecendo o palco para uma guerra dos sexos, essa disparidade nos resultados atléticos é cada vez mais estudada por outros motivos. A medicina não só reconhece diferenças fisiológicas e morfológicas entre homens e mulheres, mas as consideram importantes para o desenvolvimento de medicamentos e tratamentos.

O homem

10% a mais de músculos garante mais força, potência e capacidade maior de gerar energia, em uma ossatura maior e mais larga.

12% a mais de hemoglobina favorece o transporte de oxigênio, dando maior resistência e melhora dos exercícios de longa duração. Oxigênio sanguíneo, coração e pulmões maiores e mais volumosos elevam o VO2 máximo (quantidade máxima de oxigênio que o corpo pode utilizar) e favorecem o esforço esportivo prolongado.

15% de gordura corporal favorece força e velocidade (explosão). Tecido adiposo concentra-se na linha da cintura; a gordura intra-abdominal é associada a doenças cardiovasculares, diabetes, infarto, hipertensão e derrame.

10 vezes maior, a concentração do hormônio testosterona, produzido nos testículos, funciona como anabolizante (mesmo em sedentários). Concentra proteínas, desenvolve ossos e músculos, reconstrói ligamentos e impulsiona agressividade competitiva.

60% a mais de força nos membros superiores, em ombros mais largos. Quadril com ossos mais estreitos tem ligamentos (sacroilíacos) mais espessos e fortes.

A mulher

90% do volume da musculatura do homem promove menos força e menor peso, em uma ossatura mais estreita e mais leve. Em combinação com maior gordura corporal, produz menos energia.

VO2 máximo cerca de 12 % menor que o dos homens em função das menores proporções cardíacas e pulmonares; volume sanguíneo 10 % menor, com 12 % menos de taxa de hemoglobina.

2/3 da força máxima do homem por ausência de testosterona (10 vezes menos) e presença de estrogênio, hormônio que acumula gordura sob a pele, mamas e quadril, afrouxa ligamentos e tendões (relaxina) e altera a frequência cardíaca.

23% de gordura corporal prejudica corridas de explosão, mas favorece esportes de resistência, como maratona e natação. Retenção de tecido adiposo pode ultrapassar massa muscular no culote e nas nádegas.

20% mais flexível, corpo tem membros mais fracos e quadril mais largo. Pelve maior e redonda prejudica mecânica do movimento, com rotação do quadril (rebolado), aproximação do ângulo dos joelhos, afastando os tornozelos (em x), tendão calcâneo mais curto e acentuação do tipo de pisada pronada (para dentro).

MARATONA DOS SEXOS

Os melhores corredores do mundo chegam cerca de 10 minutos à frente das melhores corredoras em maratonas, como ainda demonstram os recordes oficiais: Haile Gebrselassie - 2h03min59s e Paula Radcliffe 2h15min25s. Com menos tradição e história, as mulheres apresentaram uma rápida evolução desde que estrearam nas provas oficiais (Campeonato de Atletismo da Europa, Atenas, 1982 e Jogos Olímpicos de Los Angeles, 1984). Isso motivou muitas projeções de equivalência de resultados, todas desmentidas. Novas especulações arriscam 2h11min40s para as mulheres em 2033, e 1h57min18s para os homens em 2040. É correr atrás para conferir!

FONTE: Paulo Zogaib é médico especialista e professor de fisiologia do exercício e medicina esportiva na Escola Paulista de Medicina e Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte - Cemafe, coordenador do Departamento de Medicina Esportiva do Clube Pinheiros e médico fisiologista do Depto. de Futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras