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terça-feira, 26 de junho de 2012

Afinal, o Que é Mesmo, e Para Que Serve a FC?

Continuando com as informações mais técnicas, desta vez, abordaremos a FC (frequência cardíaca). Só que, para um assunto tão mais profundo, importante e técnico, contaremos com a ajuda de um profissional.

No caso, Dr. Marcos Barros, especializado em Cardiologia e Clínica Médica, de Salvador/BA, que além de profissional da área, corre no nosso grupo, e temos o prazer de tê-lo em nosso convívio.

Vamos à FC, então:


"Para a Cardiologia, a frequencia cardíaca (FC) é um marcador linear do consumo de oxigênio (O²) do músculo cardíaco. Ou seja, quanto maior a FC, maior o consumo de O² pelo coração. Assim, podemos estimar o grau de sobrecarga e avaliar doenças que estariam relacionadas ou apareceriam com o aumento da necessidade de O² pelo coração. Para a Medicina do Esporte, a FC tem interpretação muito mais ampla: relaciona-se ao consumo de oxigênio (O²) do organismo, ou seja, leva-se também em conta a massa muscular periférica.

Na fisiologia celular muscular, a energia é produzida por metabolismo que necessita do uso de O² (aeróbico) e, a partir de determinado grau de esforço, sem dependência de O² (anaeróbico), com produção de lactato. Esse ácido lático é tamponado e lavado do organismo por mecanismos específicos.

Na prática clínica, estabelece-se a FC relacionada ao fim do metabolismo aeróbico exclusivo (Limiar 1: início do metabolismo misto, aeróbico e anaeróbico, com produção de lactato) e a FC relacionada à exaustão dos sistemas tampões (Limiar 2: a produção de lactato supera a sua lavagem). Esse segundo ponto geralmente chamamos de FC máxima porque geralmente está relacionado à fadiga e iminente interrupção do esforço, manifestações do acúmulo indevido do lactato e perda de equilíbrio do sistema metabólico. A melhor forma de medir tais valores da FC é através do teste ergoexpirométrico. Entretanto, há fórmulas matemáticas que pretendem aproximar-se, com maior ou menor precisão, desses valores considerando idade e gênero do indivíduo.

Então, na avaliação cardiológica, avaliamos a saúde em repouso e em resposta ao esforço até a FC máxima. Isso não quer dizer que passar da FC significa risco imediato ao coração...

Bem, qual é o risco de passar da FC máxima? para o coração sadio, desprezível. O risco cardíaco é proporcional ao grau de esforço, contudo, no coração sadio, avaliado e "conhecido". Pondera-se apenas que a avaliação cardiológica é feita até a FC considerada e infere-se que o coração aguentaria o esforço que o levar a ultrapassá-la. Por que? Porque não se deve ultrapassá-la por muito tempo, dados outros riscos.

O trabalho acima da FC máxima traz desequilíbrio metabólico e transtornos lesivos (acidose, acúmulo de escórias celulares, etc.) a todo o organismo. 

Detalhes: 
1. o sistema muscular é mais fragil que o sistema cardiovascular - sofre primeiro, fadiga primeiro, lesiona primeiro (não mata, contudo tem-se muito mais lesões osteomusculares que cardíacas no esporte); 
2. o rendimento do atleta geralmente é muito mais relacionado ao condicionamento periférico que cardíaco. Quando um esportista apresentar condição cardíaca limitante, essa preponderará e toda a sua programação deve adequar-se às orientações do Cardiologista.

Assim, podemos descrever no dia-a-dia:

A frequencia cardíaca (FC) é parâmetro cardiológico fácil, barato e confiável do grau de esforço e sobrecarga que é imposta ao organismo. Os limiares (L1 e L2) são parâmetros metabólicos com relação direta com a FC, utilizados para a programação física. A FC máxima nos traz um parâmetro de frágil ponto de equilíbrio metabólico, que pode e deve ser utilizada para melhorar o condicionamento, sob supervisão e orientação adequadas.
De forma geral, a FC deve ser utilizada como indicador de esforço cardíaco e muscular, podendo ser inclusive utilizado como proteção para lesões ortopédicas em exercícios de carga não mensurável (corrida, p.ex.).

A utilização da FC é importante para todas as fases do treinamento. Não deve ser subestimado o valor da FC no treino regenerativo, por exemplo, às custas da FC nos treinos de condicionamento em tiros. Em bom português, aceite que sua FC vai ultrapassar a FC máxima nos treinos intervalados e preste muita atenção na FC estabelecida para os treinos regenerativos. Seu treinador agradece a confiança."


Devo confessar que não utilizava a FC como um parâmetro quando iniciei minhas atividades. Hoje, sou mais atento a ela, e, com a melhora que pretendo fazer no meu pace, ela deve se tornar uma aliada ainda mais importante. 

Quando falamos de treinar com orientação profissional, uma nutrição adequada, exames em dia, é justamente para podermos evoluir com segurança e diminuirmos a possibilidade de ficarmos afastados dos nossos treinos.

Vale a pena nos cercarmos desses cuidados, acreditem.

Obrigado, Dr. Marcos, pela colaboração!






Coment·rios
5 Coment·rios

5 comentários:

  1. Muito boa a sua iniciativa, Roberto! Parabéns ao Dr. Marcos pelo esclarecimento.
    Cris Fahel

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    1. Cris,

      A idéia é proporcionar informações para que todos possam aprender e praticar com mais segurança.... e viverem felizes assim. :-)

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  2. Em um pré atendimento deu FC 65; SatO2 99% e PA 10x7.. Devo me preocupar ?

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  3. Em um pré atendimento meu FC foi igual a 65 ; SatO2 99% e PA 10x7. Devo me preocupar ? minha PA é sempre 12x8.

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    1. Flaviano, para sua segurança, faça sempre um acompanhamento com um profissional e que acompanhe você há algum tempo. Podem existir variações normais, mas é importante que um profissional oriente você.

      Abraço!

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